Em fevereiro de 2025, durante a Cúpula de Ação em Inteligência Artificial realizada em Paris, o Reino Unido declarou hesitação em submeter a declaração principal do evento, que promove o desenvolvimento de uma IA “inclusiva e sustentável”. Essa cautela britânica foi influenciada pela ausência de apoio dos Estados Unidos à declaração, refletindo uma complexa dinâmica geopolítica no campo da inteligência artificial.
Contexto da Cúpula de Ação em Inteligência Artificial
A cúpula, organizada pelo presidente francês Emmanuel Macron, reuniu líderes globais, especialistas e representantes da indústria para discutir o futuro da IA e estabelecer diretrizes para seu desenvolvimento responsável. A declaração proposta enfatizava a necessidade de uma IA que fosse inclusiva, sustentável e compatível com valores democráticos, buscando equilibrar a inovação tecnológica com considerações éticas e sociais.
Posição do Reino Unido
O Secretário de Tecnologia do Reino Unido, Peter Kyle, destacou a importância de se alinhar com os Estados Unidos, confirmando sua influência significativa no setor de IA. A hesitação do Reino Unido em submeter a declaração reflete uma preocupação em manter uma posição coesa com os EUA, especialmente considerando o papel dominante das empresas americanas no desenvolvimento e implementação de tecnologias de IA.
Reação da França
Um representante francês minimizou a relevância da declaração, enfatizando que o foco principal estava na promoção da soberania em IA. A França tem sido uma defensora ativa de uma abordagem europeia para a orientação da IA, buscando garantir que o continente não dependa de tecnologias estrangeiras e que desenvolva suas próprias capacidades no setor.
Implicações Geopolíticas
A hesitação do Reino Unido em concordar com a declaração de Paris destaca as complexas considerações geopolíticas envolvidas na governança da IA. Enquanto a Europa busca estabelecer uma abordagem unificada e independente para o desenvolvimento da AI, as relações transatlânticas e a influência dos Estados Unidos desempenham um papel crucial nas decisões políticas dos países europeus.
Desenvolvimentos Recentes
Em setembro de 2024, a União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido aprovaram a Convenção da IA, o primeiro tratado internacional juridicamente vinculativo sobre o uso de inteligência artificial. Este acordo estabelece que os países signatários devem monitorar o desenvolvimento da IA e garantir que essas tecnologias utilizadas sejam dentro de parâmetros rígidos, incluindo a proteção de dados privados e dos direitos humanos.
Além disso, em novembro de 2023, o Reino Unido sediou a primeira cúpula global sobre os riscos de IA em Bletchley Park. Durante o evento, 27 países, incluindo os Estados Unidos, a China e o Brasil, e a União Europeia, concordaram com a Declaração de Bletchley, que afirma que a tecnologia representa um risco potencialmente “catastrófico” para a humanidade. A declaração busca gerenciamento coletivo dos riscos potenciais da IA, promovendo seu desenvolvimento seguro e responsável.
Conclusão
A hesitação do Reino Unido em submeter a declaração de Paris sobre IA após críticas dos EUA evidencia as complexas interações entre considerações políticas, alianças internacionais e estratégias de desenvolvimento tecnológico. À medida que a inteligência artificial continua a evoluir, é crucial que as nações equilibrem a inovação com a responsabilidade ética, garantindo que o progresso tecnológico beneficie toda a humanidade.
Por Yan
Vídeo no canal: https://youtu.be/WJi89qMvrTM