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Mobilização Militar e das Milícias na Venezuela: Estratégia de Defesa e Controle em Meio a Tensões Crescentes com os EUA

Em resposta a um contexto regional caracterizado por fortes tensões e aumento da presença militar dos Estados Unidos no Caribe, o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou uma ampliação significativa da mobilização das forças de defesa nacional, contemplando tropas regulares, policiais e as chamadas milícias populares.

Durante pronunciamento feito em 11 de setembro de 2025, Maduro informou que o governo venezuelano implantará defesas integradas em 284 “frentes de batalha” distribuídas estrategicamente por todo o território nacional. Essa medida representa sua mais recente demonstração de força militar diante da escalada das atividades militares americanas na região, que incluem o envio de caças F-35 e navios de guerra destinados a operações anti-tráfico.

Parte dessa mobilização foi anunciada semanas antes, com o envio de 25 mil soldados adicionais para estados fronteiriços com a Colômbia, áreas reconhecidas como rotas estratégicas para o tráfico de drogas. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, destacou que essas tropas apoiam operações de patrulha e combate ao narcotráfico usando inclusive unidades aéreas, navais, drones e patrulhas fluviais.

O componente das milícias populares, que Maduro apresenta como uma força treinada, ativada e armada composta por milhões de venezuelanos, recebeu atenção especial. Essa milícia, que faz parte da estrutura de defesa integrada do governo, atua tanto no controle territorial quanto em apoio às forças oficiais, sendo diretamente subordinada ao presidente, o comandante em chefe das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB).

A mobilização da milícia tem forte componente político e social, funcionando não apenas como mecanismo de defesa, mas também como instrumento de controle do território e da população, reforçando a base de apoio do regime em meio a questionamentos internos e pressão externa. Dados oficiais divulgados indicam que milhões de venezuelanos estariam registrados nessas forças populares, embora analistas apontem que os números podem ser inflados para fins propagandísticos.

Maduro caracteriza a situação atual como uma defesa da soberania venezuelana contra ameaças “imperialistas” e “extremistas” vindas do norte, especialmente dos Estados Unidos. O governo venezuelano rejeita categoricamente as acusações americanas que vinculam altos membros do regime a organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas — especialmente o chamado “Cartel de los Soles” — e denuncia as operações militares americanas como tentativas de golpe disfarçadas de combate ao narcotráfico.

Por seu lado, os Estados Unidos mantêm uma postura firme, ampliando sua presença militar no Caribe com operações destinadas a combater redes de narcotráfico que acusam estarem ligadas diretamente a autoridades venezuelanas. O governo americano chegou a dobrar a recompensa por informações que levem à captura de Maduro, tratando-o como líder de uma organização criminosa global.

Esse cenário complexo mistura dimensões militares, políticas e sociais, evidenciando uma escalada nas tensões que colocam a Venezuela em posição de autodefesa ativa e militarizada, com reflexos diretos na dinâmica regional. A ampliação das milícias e a coordenação com forças regulares reforçam o caráter estratégico da resposta venezuelana diante da pressão americana, ao mesmo tempo que aprofundam a militarização da sociedade e o controle político interno.

Em resumo, a mobilização anunciada por Maduro representa um esforço para consolidar a defesa do país e assegurar a estabilidade do regime em meio a ameaças externas e desafios internos, revelando uma Venezuela pronta para enfrentar conflitos armados e permanecer rígida em sua política de resistência.

Vídeo no canal: https://youtu.be/1BUGYhl7nFw

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